Guia rápido de degustação de cerveja

Um pequeno guia com um conjunto de dicas simples e práticas para que possa, assim espero, apreciar um pouco melhor a sua cerveja.



Guia rápido de degustação de cerveja


Tal como nos vinhos, a degustação mais técnica de cervejas envolve um conjunto de capacidades, conhecimento e jargão que exigem um estudo aprofundado do assunto. O objectivo deste simples guia é exactamente o oposto. É apenas um conjunto de dicas simples e práticas para que possa, assim espero, apreciar um pouco melhor a sua cerveja.

1. Certifique-se de que a cerveja tem a temperatura adequada

Geralmente as cervejas mais baratas e mais industrializadas sabem melhor quando bebidas bem frias. O frio disfarça a falta de sabor e aumenta a percepção de amargor e carbonatação. Por outras palavras, disfarça a poupança feita nos ingredientes. É um dos motivos porque os produtores desse tipo de cerveja insistem na ideia de que as suas cervejas devem ser bebidas bem geladas. São cervejas criadas para serem baratas e produzidas em grande escala.

As cervejas com maior quantidade e qualidade de ingredientes, como são, à partida, as artesanais, geralmente são mais saborosas se não forem bebidas demasiado frias. Mas a temperatura ideal da cerveja depende muito do estilo e características da cerveja, por isso siga a recomendação do produtor sempre que possível.

As cervejas com teor alcoólico mais elevado tendem a ter sabores mais complexos e por isso devem ser consumidas menos frias. Há sempre excepções, mas em caso de dúvida pode ser seguir esta regra. Experimente prolongar a sua degustação e observar a evolução do aroma e sabore à medida que a temperatura da cerveja aumenta naturalmente.

2. Utilize sempre um copo

Num copo o dióxido de carbono e aromas são libertados de forma mais eficiente e torna-se muito mais fácil apreciar a cerveja. Certifique-se que o copo está bem lavado, sem gorduras, sabão ou outros resíduos que prejudiquem a formação de espuma ou interfiram com o sabor.

3. Relaxe e aprecie

Poderá ser mais fácil aperceber-se dos aromas e sabores se minimizar outros estímulos sensoriais não relacionados com a degustação, mas evite assumir uma postura demasiado analítica e tensa e aprecie o momento. Com o tempo e experiência a sua sensibilidade vai melhorar.

4. Aparência

A aparência não é um indicador fiável das características da cerveja, mas contribui para o enriquecimento da experiência. Pode, por exemplo, tentar adivinhar como será o aroma e sabor e depois comparar as suas expectativas com a realidade.

Erga o copo e observe a aparência da cerveja, como a cor, claridade, a quantidade e velocidade de bolhas criadas pela libertação do gás. Observe também a espuma, a sua retenção e o rendilhado que deixa no copo enquanto está a beber. Um bom rendilhado e retenção da espuma são muitas vezes associados a produções de “qualidade”, embora isso seja discutível.

5. Aroma

Cheirar é um passo muito importante na degustação de uma cerveja. O nosso olfacto é responsável por grande parte daquilo a que chamamos sabor.

Agite o corpo de forma circular para que o gás libertado transporte aromas até ao seu nariz. Quais são as suas impressões gerais? É intenso? Doce? Ácido? Floral? Cítrico? E o mais importante: gosta do aroma?

As observações poderão ser muito gerais ou muito específicas e dependem muito da sua sensibilidade e experiência.

6. Sabor

O sabor é como uma extensão do aroma. Ao saborearmos estamos simultaneamente a cheirar (aroma retro-nasal), por isso é normal que uma parte das características da cerveja já tenha sido antecipada ao cheirar a cerveja. No entanto, há características que só se manifestam na boca, como o amargor.

Movimente o líquido pela boca antes de engolir. Aperceba-se dos sabores que surgem e tente associá-los a outros sabores que conhece. Quando alguém descreve um sabor ou aroma como “pêssego” ou “cravo-da-Índia”, está a fazer este exercício e não necessariamente a descrever ingredientes utilizados efectivamente na cerveja. Gosta do sabor? Lembra-lhe alguma coisa? Como é o equilíbrio entre o doce a amargo? O álcool é pronunciado? É refrescante e fácil de beber ou mais intensa ou alcoólica?

7. Sensação na boca

Um dos componentes do sabor é a sensação na boca (mouthfeel). Refere-se à textura e o peso (ou corpo) da cerveja na boca. Cervejas com alto teor alcoólico podem causar sensação de aquecimento e cervejas amargas podem ser adstringentes. O corpo da cerveja também pode variar entre leve e aguado a pesado e preenchido. O nível de gás (a carbonatação) também pode ter um papel muito importante nessas sensações.

8. Final

Final refere-se à forma como a cerveja “termina” na boca, isto é, as sensações que ficam depois de engolir.

Como é o sabor final? É duradouro ou muito breve? É doce ou amargo? E a sua intensidade?

Há estilos de cervejas com finais característicos: uma cerveja refrescante, de verão, tipicamente terá um final rápido e relativamente limpo, com algum amargor ou acidez. Outras têm um amargor pronunciado que permanece na boca bastante tempo depois de engolir. Há também as que terminam tão doces que podem tornar-se enjoativas. É nesta fase que vai perceber quanto e quando lhe apetece dar um novo gole.

9. Impressão geral


Depois de dar vários goles, já terá uma opinião bem estabelecida sobre a cerveja e se é realmente do seu agrado. Lembre-se que há muitos factores que influenciam a sua percepção do sabor da cerveja, por isso é sempre interessante repetir a cerveja um dia mais tarde para perceber se a sua opinião se mantém.



Partilhar Facebook Twitter Linkedin E-mail