A grande inundação de cerveja em Londres
Aconteceu em 1814. Mais de um milhão de litros de cerveja varreu as ruas, causando destruição, inundações e a morte de algumas pessoas. Um acidente invulgar que ficou para a história.
Passavam das 16h30 da tarde do dia 16 de Outubro de 1814 quando ocorreu o acidente em Londres. Na cervejaria Meux and Company, sita em Tottenham Court Road, houve o rebentamento de um grande barril fermentador de 610.000 litros. Um dos aros de metal cedeu e o reservatório estaria também enfraquecido pela pressão a que esteve sujeito durante meses, enquanto fermentava a cerveja estilo porter que continha. Houve um efeito dominó que acabou por derrubar outros reservatórios da cervejaria. Ao todo terão sido derramados mais de 1.470.000 litros de cerveja que se espalharam pelas ruas como um tsunami. A onda escura destruiu duas casas e derrubou parte da parede do pub Tavistock Arms, soterrando e vitimando a jovem empregada Eleanor Cooper. Em poucos minutos a bebida inundou as ruas vizinhas. Tirou a vida uma mãe e filha que estavam a beber chá e invadiu um quarto em que decorria um velório.
As instalações da Meux and Company ficavam numa área com alguma pobreza, em que famílias inteiras viviam em quartos nas caves que rapidamente ficaram inundadas. São 8 as vítimas conhecidas. Não houve mais vítimas porque na hora a que ocorreu o acidente a maior parte das pessoas estava a trabalhar.
A cervejaria acabou por ser levada a tribunal, mas o desastre foi considerado pelo juíz como um Acto de Deus, insentando todos de responsabilidade.
Muitos anos depois, em 1922 as instalações foram demolidas e actualmente parte do seu espaço é ocupado pelo teatro Dominion.
Em 2012 uma taberna local, a Holborn Whippet, deu início a um evento em memória a este desastre para o qual produz uma cerveja porter.
Na Internet encontram-se muitas histórias sobre este acidente, mas muitas não passarão de mitos porque referem situações que não constam nos jornais da época nem são referidas em trabalhos de investigação sobre a matéria. Um dos relatos mais curiosos conta a história de uma espécie de motim no hospital que recebeu as vítimas do acidente. Dizem que os pacientes sentiram o cheiro a cerveja nas vítimas da inundação que deram entrada e pensaram que o hospital estava a servir cerveja apenas a alguns pacientes.