Hoegaarden Wit

Produzida porHoegaarden(Bélgica)
Estilo:Belgian White (Witbier)
Álc/vol:4.9%

O estilo witbier (“cerveja branca”) foi salvo da extinção por um leiteiro de nome Pierre Celis. Foi a sua persistência que nos permite agora apreciar a pálida e refrescante Hoegaarden, uma cerveja que marca a História e define o estilo.



Hoegaarden Wit


A witbier (“cerveja branca”) foi criada por volta do ano 1445 por monges de Hoegaarden e posteriormente foi também produzida por outras cervejarias da região. Eram a especialidade da zona: bebidas elegantes e suaves feitas com cevada e aveia, condimentadas com casca de laranja desidratada e sementes de coentros.

Sensivelmente a meio da década de 1950, o estilo sofreu com a propagação das cervejas lager, especialmente as pilsner. A última cervejaria tradicional que ainda produzia witbiers, a Brouwerij Tomsin, fechou em 1957. Era o fim do estilo com mais de quatro séculos de existência, não fosse um leiteiro de nome Pierre Celis.

Pierre Celis

Pierre Celis

Celis lamentou o desaparecimento da cerveja, mas tentou dar a volta à situação. Antes de se tornar leiteiro frequentava muito a cervejaria Tomsin, por isso tinha uma boa ideia sobre os ingredientes e especiarias utilizadas na witbier. Foi experimentando e aperfeiçoando a receita em casa e mais tarde acabou por fundar a cervejaria Brouwerij Celis nos estábulos junto da sua casa. Foi lá que produziu o seu primeiro lote de Oud Hoegaards Bier, a cerveja que hoje em dia é conhecida por Hoegaarden. Esta  história ainda é longa e muito interessante, mas já foge ao âmbito desta publicação. Resta-me referir que Pierre Celis faleceu em 2011, com 86 anos, mas o seu nome continuará sempre ligado a este estilo.

Curiosamente o estilo ganhou mais recentemente uma maior visibilidade devido às grandes macro-cervejarias dos Estados Unidos. Como nas últimas décadas sofreram uma quebra relevante nas suas vendas devido ao crescimento do mercado artesanal, decidiram apostar num estilo diferente de cerveja. A witbier foi a escolhida, provavelmente pelas suas características popularmente apreciadas. A MillerCoors apresentou a sua Blue Moon e a Anheuser-Busch a Shock Top Belgian White.

Mas basta de História e vamos à cerveja.

Tem uma cor muito pálida e é turva, consequência da percentagem elevada de trigo e pelo facto de não ser filtrada. Essas partículas, especialmente antes de assentarem, conferem-lhe a aparência esbranquiçada que inspirou o nome do estilo. No topo a espuma branca e cremosa completa o aspecto elegante e convidativo.

No aroma, adocicado, encontra-se o cravinho, alguma banana, trigo, e apontamentos cítricos.

Na boca é aveludada apesar de ter um corpo leve. Achei o cravinho evidente, mas não demasiado intenso, misturando-se com sabores frutados e cítricos de laranja e limão, que resultarão naturalmente do uso da casca de laranja e dos coentros. Começa ligeiramente adocicada, mas depois surge uma acidez muito leve. O lúpulo é essencialmente imperceptível, como se espera neste estilo.

As cervejas clássicas do tipo witbier, especialmente esta Hoegaarden, são daquelas cervejas que recomendo a qualquer pessoa, mesmo a quem esteja habituado a beber apenas as típicas cervejas produzidas em massa. Embora - e felizmente - seja completamente diferente das lager baratas que se vendem em qualquer superfície comercial, estou convencido que agradará mesmo a quem não bebeu doutro tipo de cerveja. É uma cerveja refrescante e saborosa e uma aposta segura. Não podia recomendá-la mais.



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