Mitos sobre a cerveja

Há muitos mitos relacionados com a cerveja que ainda perduram. A lista que se segue tem o objectivo de esclarecer alguns deles.



Mitos sobre a cerveja


Há muitos mitos relacionados com a cerveja que ainda perduram. A lista que se segue tem o objectivo de esclarecer alguns deles.

A cerveja causa ‘barriga de cerveja’

Não existem evidências de que o excesso de calorias provenientes do consumo de cerveja contribua para um maior aumento de peso do que as calorias provenientes de qualquer outro tipo de alimento. Aquelas pessoas que têm a famosa ‘barriga de cerveja’ podem até consumir muita cerveja, mas é muito provável que o resto da sua alimentação também não seja a mais adequada.

A temperatura estraga a cerveja

O aumento de temperatura acelera o envelhecimento dos alimentos e em alguns casos torna-os impróprios para o consumo. A cerveja também pode envelhecer mais rapidamente e até sofrer algumas alterações de sabor, mas não deixa de poder ser consumida. É uma bebida que suporta temperaturas consideravelmente superiores à ambiente durante períodos relativamente longos sem que ocorra uma alteração perceptível no sabor, mas é desejável evitar-se exposição longa ao calor e grandes oscilações de temperatura. Por outro lado, a luz - o grande inimigo da cerveja - deve ser evitada.

As garrafas são melhores que as latas

Muitos acreditam que as latas podem contaminar a cerveja ou deixar um sabor metálico na cerveja. Isso poderá ter sido verdade há muitos anos, mas actualmente o interior das latas é revestido com uma barreira química que impede que isso aconteça.

As latas modernas são melhores do que as garrafas na protecção da cerveja à exposição da luz. Aliás, são 100% eficientes na protecção contra a luz. São também mais leves, o que reduz custo de transporte, são altamente recicláveis e podem ser vendidas em sítios em que o vidro não é permitido (estádios, por exemplo).

Apesar da garrafa de vidro continuar a ser vista como uma embalagem mais tradicional e mais nobre, há muitas marcas de artesanais que já adoptaram as latas e tentam educar as pessoas sobre este mito.

As cervejas escuras são mais fortes ou amargas

A cor não é um indicador fiável do grau alcoólico ou amargor de uma cerveja. Existem por exemplo cervejas escuras com baixo teor alcoólico, corpo leve e adocicadas e também existem cervejas claras que são muito alcoólicas e amargas.

A tonalidade escura das cervejas deve-se à utilização de ingredientes escuros, como cereais torrados ou melaços. Quanto ao álcool, é criado pela levedura quando consome o açúcar proveniente do malte e de outros ingredientes, independentemente da sua cor. Quanto mais açúcar existir durante a fermentação, maior a quantidade de álcool obtida. Em relação ao amargor, normalmente é responsabilidade do lúpulo, no entanto também pode ser originado por outros ingredientes, como alguns grãos mais escuros, especialmente os torrados. Tudo depende da quantidade utilizada, do processo de produção e do estilo da cerveja em questão.

A cerveja deve ser sempre servida gelada

O frio tende a diminuir a percepção do sabor e complexidade das cervejas, o que significa que se as beber demasiado frias poderá estar a perder parte da experiência que foi idealizada pelo produtor. Mas isso não significa que não deva beber algumas cervejas bem geladas.

As cervejas mais escuras são também muitas vezes mais complexas e a temperatura mais elevada (ou “menos fria”) realça esses sabores. As mais claras, especialmente as de menor grau alcoólico, tendem a ser menos complexas e mais refrescantes, por isso poderão saber melhor a temperaturas mais baixas.

Em caso de dúvida há uma regra básica que pode seguir: quanto mais escura, menos fria. Não é uma regra perfeita e para a qual existem muitas excepções, mas há boas possibilidades de acertar se a seguir. Mas sempre que possível siga as indicações do produtor ou as recomendações genéricas para o estilo da cerveja em questão.

A espuma só incomoda

Muitas pessoas acham que a espuma é inútil porque atrapalha e reduz a quantidade de cerveja servida no copo, mas a espuma ajuda a limitar os aromas que escapam devido à libertação do gás. Como uma grande parte da percepção do sabor está dependente do olfacto, o aroma é uma parte fundamental da experiência, por isso é geralmente desejável deixar alguma espuma no copo (pelo menos da largura de um dedo).

O sedimento na cerveja indica que está estragada

O sedimento é geralmente composto principalmente por levedura que não foi filtrada. Na quantidade em que existe nas garrafas pode ser consumido sem qualquer problema e até é saudável, porque é rico em proteína, Vitamina B e nutrientes.

As cervejas mais industrializadas, produzidas em massa, normalmente não têm sedimento porque os produtores utilizam filtros muito finos para garantirem que a cerveja fica completamente límpida. É um processo que retira algum sabor, mas é realizado por questões de cosmética e porque aumenta a longevidade e estabilidade da cerveja. Outros produtores, como grande parte dos artesanais, optam por não filtrar a cerveja e até fazem refermentação em garrafa de algumas cervejas. Nesses casos é de esperar que exista um depósito de levedura no fundo da garrafa.

Em alguns estilos o sedimento não só é desejável como o acto de misturá-lo na garrafa faz parte do ritual de servir a cerveja no copo. Por isso, a não ser que encontre algum tipo de sedimento numa cerveja filtrada, não deverá estranhar ou preocupar-se.

A cerveja é menos complexa do que o vinho

Esta é uma discussão que sempre dividiu o mundo e que está muito dependente das preferências e critérios de cada um. Na cerveja podem ser utilizados muitos mais ingredientes e técnicas do que o vinho, o que permite uma variação muito maior de sabor e aroma. O vinho é uma bebida complexa, como poderão confirmar os especialistas, mas nunca poderá oferecer uma variedade tão grande de componentes de sabor e aroma como a cerveja. São bebidas muito diferentes, por isso acho que não faz muito sentido haver esse tipo de rivalidades e comparações.

A cerveja é menos saudável do que o vinho

Quando dizem que o vinho é saudável (especialmente o tinto), normalmente referem-se ao facto de este conter polifenóis, mais especificamente resveratrol, que é um antioxidante. Mas a cerveja também contém polifenóis e experiências demonstraram que em alguns casos podem até ser mais potentes que os do vinho. Este é um mito que provavelmente terá saído reforçado por muitos anos de marketing da indústria do vinho.



Partilhar Facebook Twitter Linkedin E-mail