Pandemia deixa milhões de barris de cerveja fora do prazo

As restrições criadas pelo Covid-19 fizeram com que milhões de barris de cerveja tenham ultrapassado o prazo de validade. Milhares de barris têm sido devolvidos diariamente aos distribuidores, mas muita dessa cerveja tem sido aproveitada de formas inovadoras.



Pandemia deixa milhões de barris de cerveja fora do prazo


Nos Estados Unidos a cerveja fora do prazo tem sido utilizada para fertilizar árvores, transformar em desinfectante de mãos e até em gás natural.

“Este é um tsunami de barris”, disse John Hanselman, director executivo da Vanguard, uma das distribuidoras, citado pela ‘Bloomberg’.

Lidar com um desperdício de cerveja é apenas um dos muitos efeitos imprevisíveis de bloqueios relacionados com a pandemia. As perdas podem ultrapassar os 800 mil milhões de dólares, afectando a economia em termos globais.

Também na Irlanda, com o encerramento de pubs e restaurantes, a famosa fábrica de cerveja Guiness foi obrigada a reutilizar parte da sua produção para fertilização de “árvores de Natal”.

A empresa, que normalmente produz cerca de 720 milhões de litros de cerveja por ano, viu o produto ser devolvido pelos estabelecimentos de todo o país, que fecharam portas devido à pandemia, e optaram por usá-lo numa solução alternativa em vez de o deitar fora.

“A grande maioria da cerveja vai agora para plantações de árvores de Natal e é utilizada como fertilizante nessas quintas”, explicou o director de operações da Guinness, James Aidan Crowe, revelando que uma outra quantidade do produto está a ser transformada em gás natural, tal como acontece nos Estados Unidos.

Em França aconteceu o mesmo: “O fechamento brutal de cafés, restaurantes, a proibição de atividades turísticas e o cancelamento de todos os festivais e salões deixaram mais de 10 milhões de litros de cerveja, maioritariamente em barris, parados”, afirma um comunicado do Sindicato Nacional dos Produtores de Cerveja da França.

As cervejas artesanais são especialmente sensíveis a esta situação. Têm um prazo de validade recomendado geralmente mais curto, porque não são pasteurizadas. Apesar de não se estragarem, o seu sabor sofre alterações, o que não é desejável, especialmente em estilos com maior foco no lúpulo.

“Sem a ajuda do governo, centenas de cervejarias correm o risco de fechar definitivamente, colocando em risco milhares de empregos, direta ou indiretamente: uma verdadeira perda de uma rica tradição na França”, afirmou Mattias Fekl, presidente da União dos Produtores de Cerveja da França, em entrevista ao canal BFM TV.

Segundo uma pesquisa recente, cerca de 25% dos produtores de cerveja em França tiveram que parar suas atividades. “70% das cervejarias declaram uma perda de 50% ou mais de seu volume de negócios desde 15 de março”, afirma o levantamento da União dos Produtores de Cerveja da França, que analisou o funcionamento de 300 sócios.

Melhores tempos virão para o sector da cerveja.



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